quarta-feira, 18 de julho de 2012


                            
        O Pai nos acompanha, nos alenta e nos ensina a Amar!
O Pai Eterno nos ama livremente, não por necessidade, não por motivos históricos e muito menos por obrigação. Muitas vezes, trata-se de um Amor que ama quem não merece, mas precisa ser amado. Incondicional em Seu mistério, gratuito em Seu esforço e incompreensível em Sua manifestação: assim é o amor do Pai por mim e por você, leitor! Antes de sermos servos, somos filhos; antes de evangelizadores, somos evangelizados pelo Amor.
Na medida em que assumimos a nossa filiação estamos aptos a ser cristãos, pois na origem da nossa fé está o Pai que nos impulsiona a amar. Olhemos para as Sagradas Escrituras, testemunha fiel da salvação e lá encontraremos a face do Amor: “Se toda escritura se pusesse a falar, se, por um prodígio qualquer, se transformasse de palavra escrita em palavra anunciada a uma voz, esta voz, mais poderosa do que as ondas do mar, clamaria: ‘Deus vos ama!’” (Raniero Cantalamessa).
O amor do Pai confirma a nossa humanidade e nos conduz à vivência fraterna! Quanto mais distantes do Amor, mais desumanizados ficamos. Tornamo-nos egoístas, passamos a julgar o comportamento dos outros ou condenamos sem ao menos tentar compreender as situações e os erros alheios. Mas, por outro lado, é o Amor que nos ensina a aceitar as pessoas por mais difíceis que elas sejam ou por mais desgosto que nos causem.
E aqui cabem alguns questionamentos: Quanto tempo temos gasto com as pessoas? Como a nossa vida está sendo consumida? Somente em benefício próprio ou em função dos irmãos? São muitos os meios que demonstram a nossa capacidade de amar: “um sorriso, uma pequena visita, uma pergunta sincera: ‘dormiu bem?’, ‘sente-se bem, hoje?’[...]. Basta uma palavra, um sorriso, um olhar. Que linda ‘profissão’ essa de fazer os outros felizes, mesmo que seja por um momento. Levar um copo de alegria para o próximo, que tarefa fácil e sublime!” (Inácio Larrañaga).
Em Deus está a razão de ‘sermos’ e ‘amarmos’. Fomos gerados pela vontade e pela ternura de um Deus com coração de Pai. Somos os frutos legítimos do Seu amor paterna e maternalmente redentor. Cada vez que voltamos à nossa origem existencial, em Deus, somos renovados e convertidos novamente ao Amor. Longe, nos perdemos; perto, nos encontramos.
A partir desta realidade transcendente somos capazes de reconhecer o apelo insistente do Amor: “Foi-te imposto de uma vez para sempre este breve preceito: ama e faze o que quiseres. Quer te cales, cala por amor; quer fales, fala por amor; quer corrijas, corrige por amor; quer perdoes, perdoa por amor. Haja em ti a raiz do amor; pois desta raiz nada pode proceder que não seja o bem” (Santo Agostinho).
O amor é dom gratuito do Pai Eterno. Por meio dela adentramos nas sendas da fraternidade. Sua vivência é oferta recíproca de uns pelos outros. Se olharmos, com sinceridade, para os nossos irmãos reconheceremos que somos devedores de cada um deles. Trata-se de uma dívida confirmada pelo sangue de Cristo. “O amor é a única dívida que temos para com todos. Qualquer pessoa que se achegue a ti é o teu credor, que se aproxima para cobrar a dívida que tens com ela. Deus em Cristo, outorgou-te um amor a ser partilhado com os irmãos; este amor não te pertence; teu irmãos tem o direito de reclamar a sua parte” (Raniero Cantalamessa).
Amar é gastar tempo com aqueles que convivemos ou trabalhamos juntos. Nesse mundo, em que funcionamos contra o relógio, é necessário tirar um pouco de tempo para as pessoas que estão à nossa volta. Palavras de esperança como: ‘não fique com medo’, ‘esse problema tem solução’, ‘conte sempre comigo’, ‘estou rezando por você’, ‘amanhã será um novo dia’ são capazes de iluminar vidas. Outras vezes somente a presença de alguém ao nosso lado já é o bastante para nos sentirmos amados e queridos. O Pai Eterno necessita da nossa mediação. Ele nos ama por meio daqueles que estão próximos a nós.
O amor de Deus, depositado em nossos corações, nos educa a amar sem um porquê de ser. Deixemos os questionamentos de lado! Partamos para a ação de encontrar os pobres de amor e de afeto. Busquemos e encontraremos os destinatários do Amor. O ‘próximo’ dos Evangelhos não é alguém distante, mas, sobretudo, a figura mais achegada a nós. Esse próximo pode ser um pai, uma mãe, um amigo, um colega de trabalho, a esposa ou o esposo e até os próprios filhos. Basta que tenhamos os olhos da fé bem abertos para sermos, no mundo, a face do amor de Deus! Acompanhados e alentados pelo Pai, somos convidados a amar a ponto de dar a vida, não somente com palavras, mas, sobretudo, com gestos e atitudes!








Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R.
Missionário Redentorista, Reitor da Basílica de Trindade e Mestre em Teologia Moral pela Universidade do Vaticano.
Twitter: @padrerobson
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